O NASCER DE UMA ESCULTURA
Esculpir é um processo que começa na intuição do artista e se realiza no olhar e no toque do amante da arte!
Esculpir é um processo que começa na intuição do artista e se realiza no olhar e no toque do amante da arte!
UM FILME NA MENTE, UM DESENHO NO PAPEL
Conceber uma ideia de escultura é visualizar "toda" essa ideia. É como um filme: tem roteiro, mensagem, forma, cheiro, proposta, identidade, sensações, cores, movimentos, falas, diálogos, emoções, sons...
Esse filme precisa ser passado para uma folha de papel, num primeiro esboço de desenho. Tantas cenas ouvidas, sentidas, vividas na sua totalidade... E, dessas infinitas cenas, eu desenho a imagem que mais representa todos aqueles cenários... O essencial da mensagem eu transfiro para o papel, tendo como comunicador o lápis, o crayon, o giz... Esse desenho é transferido para uma estrutura tridimensional e é dela que nasce a escultura propriamente dita.
DO BARRO, SURGEM AS TRÊS DIMENSÕES
A argila agasalha, abraça, toda essa estrutura de ferro, necessária para começar a dar corpo, a materializar aquela forma tridimensional. A argila é frágil, porosa, se retrai com a perda de água em sua secagem, modificando a dimensão do projeto. Um desafio, por isso, é o tempo de secagem, diferente em cada ponto da peça... A argila seca de dentro para fora, e, em cada extremidade, exige um tempo próprio de secagem e de cuidados... Aliás, são muitos os desafios, o tempo todo, no processo de construir uma escultura: vários, e maravilhosos, em cada uma das muitas fases até a finalização da obra.
Quando a "terra", a argila, nos avisa que está pronta nessa fase do esboço, então trabalhamos nos detalhes. Começa assim o chamado "ponto de couro".
PROVA DE FOGO: ENTRA EM CENA A COMUNIDADE DO BRONZE!
A secagem total do nosso barro, a argila, nos avisa a que nossa obra está pronta para ir ao forno e se transformar em cerâmica, ou, no meu caso, começar a tomar forma para se transformar em uma escultura de metal. Esta é a hora da fundição, a "Comunidade do Bronze", entrar em ação!
São muitos homens brilhantes, mãos fortes e precisas, que, com as diferentes técnicas, acabam a sua obra, o seu "filme", com esmero, presteza, responsabilidade no entendimento da concepção da obra, transformando-se em co-autores e participantes da criação do escultor!
Como nos filmes não existe só o heroi/mocinho ou só o bandido, mas todo um elenco fundamental para que a história aconteça, assim é a "Comunidade do Bronze". É ela que faz do nosso barro frágil e vulnerável uma Obra de Arte que vem eternizar um sonho e comunicar o mais íntimo do pensamento do escultor.
O molde de silicone será preenchido por cera de abelha, que, por sua vez, será derretida para que o bronze líquido preencha os canais. O bronze líquido será colocado em uma forma de gesso para ser cozido lentamente, em um poço de tijolos, que construído exclusivamente para a sua peça. Esse liquido, cor de fogo, endurece e eterniza a essência do seu "filme"... A "cena" sai rústica, precisando ser refinada, lapidada, lixada e polida. Em seguida, a obra pode ser banhada por ácidos recebe as nuances de cores, chamadas "pátinas".
A ARTE E A VIDA RENASCEM
Quando enfim a obra está pronta, o artista assina, numera e, num total desapego, se despede da sua produção artística, ciente e feliz de deixar aos amantes das Artes Plásticas e de todas as outras artes um legado, um pensamento, uma reflexão, que gostaria de tornar a Vida mais poética e bela. O escultor, como um diretor de teatro, um maestro, um compositor, escritor, poeta, coreógrafo, cineasta, celebra com a sua equipe e orgulhosamente, reúne amigos, familiares e amantes da arte para compartilhar da felicidade da sua Obra de Arte!
A escultura é colocada em salões, galerias, bienais, praças, hospitais, lares, rodovias, cidades, livros, e será vista por todo tipo de seres humanos, de todas as idades, credos, contextos... Eu penso que TODO sentimento de paz e de beleza deve ser exposto, partilhado, seja através da expressão verbal, da expressão corporal, espiritual, artística, para exortar, edificar, educar, provocar desejos, sonhos, questionamentos, despertar puros e nobres sentimentos, às vezes esquecidos ou adormecidos, e que devem florescer para que haja completa renovação da Vida. E que seja completa, perene e eterna como a Arte do Bronze!
Na fundição, a obra começa a ser pincelada por uma pasta de silicone e coberta de gesso. Quando este gesso seca, nasce uma fôrma, que seria o "molde". Uma vez pronto, o molde é preenchido com uma cera de abelha, sendo removido, dias depois, quando estiver seco e bem endurecido. Com a cera já sólida, são feitos nela canais, como canudos, para que a penetração do bronze líquido.
Depois desse processo, inicia-se uma nova fôrma, desta vez de cimento e não mais de gesso. Essa forma de cimento ficará durante alguns dias num forno de tijolos, aceso e alimentado a lenha, para que o bronze líquido comece a "cozinhar" lentamente, sem correr o risco de perder a liga e a qualidade do material nobre que é o "bronze".
Passados muitos dias, abre-se esta forma de cimento e a obra, em bronze rústico, começa a ser lapidada, polida, patinada e assinada. Este processo na fundição é lento, porque é necessário passar por todas estas etapas. Leva-se no mínimo dois meses para realizar todo esse processo.